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Engenharia Civil

Debate com Alunos da Engenharia Civil Sobre Bullying e Inclusão Social

Publicado: Segunda, 11 de Outubro de 2021, 13h54 | Última atualização em Sexta, 09 de Setembro de 2022, 16h57

Na aula de Introdução a Engenharia Civil, no dia 18 de agosto de 2021, ministrada pela Profª. Drª. Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis com participação da Profª. Me. Ticiana Couto Roquejani, houve apresentações e explicações sobre bullying e inclusão de pessoas com deficiências no ambiente escolar e profissional.

A Profª. Vassiliki iniciou explicando sobre o bullying e seus impactos negativos sobre os alunos. Ela mostrou parte de uma palestra que ministrava voluntariamente aos escoteiros, na época em que cumpriu parte do seu doutorado na Austrália.

O bullying é caracterizado como um ato agressivo, indesejável, cruel e persistente. Ele traz transtornos à vítima, faz com que as crianças percam a habilidade natural de sociabilizar, ficando mais retraídas. É algo que tem levado muitos jovens à morte ou a responder com violência, além de tornar a vida infeliz.

O bullying está presente quando existe intimidação de um para com o outro, seja por uso da força, pressão excessiva ou ameaça. Porém, não precisa ser somente físico, mas também pode ser verbal (como espalhar rumores), na forma de gesto, além de tomar e/ou danificar objetos pessoais de outros.

A Profª. Vassiliki relatou que o bullying pode levar a situações extremas, como a que ocorreu em Suzano, devido ao tiroteio promovido por 2 jovens ex-alunos da Escola Estadual Raul Brasil em 2019. O fato ocasionou 9 fatalidades, incluindo a dos próprios jovens.

Também relatou sobre o ato de racismo contra o jogador de futebol Aranha, o qual ocasionou muita tristeza ao jogador e diversos problemas para quem cometeu o crime. Foi comentado que, muitas vezes, o agressor têm autoestima baixa e/ou problemas em casa ou em outros ambientes, passando então a agredir os demais colegas.

Atualmente o cyberbullying é um dos principais meios desta prática. No geral, 42% dos adolescentes sofrem bullying online, dos quais 20% acabam por cometer suicídio. Além disso, muitas crianças e adultos também sofrem violência e até são mortas por rumores difamatórios e indevidos cometidos online.

Figura 1. Estatísticas do bullying apresentadas pela Profª. Vassiliki.Figura 1. Estatísticas do bullying apresentadas pela Profª. Vassiliki.

Se não for impedido no início, o grau de bullying, vai aumentando até se tornar crítico. Quando verificada alguma situação, é necessário o diálogo com o agressor mostrando que aquilo está errado, e com a vítima, para apoiar uma possível denúncia. É sempre aconselhável levar a situação aos responsáveis pela organização, antes que o pior aconteça. A violência não justifica outro ato de violência. Para combate-la é importante usar a não é estratégia adequada, no momento certo, e de forma saudáveis e inteligente, preferencialmente com o apoio de profissionais, como psicólogos.

Sendo a falta de entendimento às diferenças uma das principais causas das agressões, lamentavelmente, elas tendem a ocorrer com pessoas que possuem algum tipo de deficiência e por isso é sempre importante levantar discussões sobre o tópico, tendo como foco a inclusão social. Para isso, a Profª. Ticiana palestrou sobre a importância de discutir a respeito do que é diferença e do que é deficiência.

Figura 2. Apresentação da Profª. Ticiana sobre a diferença e a deficiência.Figura 2. Apresentação da Profª. Ticiana sobre a diferença e a deficiência.

A Profa. Ticiana explicitou sobre a importância de ver outras pessoas sob a perspectiva de uma criança, já que ainda é livre do preconceito e não vê anormalidade em ser diferente. As necessidades especiais podem ocorrer em algum momento da vida com todos nós, por meio da necessidade no uso de óculos ou mecanismos para auxílio nas nossas atividades diárias.

A exclusão de pessoas com deficiências é histórica. Antes do Cristianismo, as pessoas eram excluídas totalmente por “não terem serventia”, como afirmou a Profª. Ticiana. A mudança veio pela misericórdia e cuidado com essas pessoas, porém logo após, durante a idade média, acreditavam que era uma tragédia, um castigo de Deus. Após essas etapas, surgiu o assistencialismo, que embora ajudasse as pessoas, continuava excluindo-as.

Para tratar essas pessoas, o modelo médico via a deficiência como uma tragédia pessoal, baseado no padrão da normalidade. Embasado em ideias e diagnósticos médicos, o objetivo era somente a cura, pois entendia que o corpo era a própria barreira e o próprio obstáculo para a integração social.

Na evolução do entendimento, observa-se que grande parte do problema é devido às várias barreiras criadas pela sociedade. Somente a partir da quebra dessas barreiras sociais é que ocorre a inclusão.

No Brasil as discussões iniciaram no começo do século XX, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Os pensamentos e a legislação foram evoluindo até a Lei nº 13146/2015, Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência. Ela trata sobre a igualdade de oportunidade com as demais pessoas e sem nenhuma espécie de discriminação.

Como regra de caráter geral, todos os portadores de deficiência têm direto de acessar quaisquer meios de transporte, de comunicações e localidades. É necessário que as pessoas sejam ouvidas. Não devemos tratar as pessoas com inferioridade, mas de forma a romper as barreiras que elas têm em decorrência da deficiência, para que possamos ter um ambiente inclusivo.

Figura 3.Explicação da Profª. Ticiana sobre a Evolução da Educação Especial.Figura 3.Explicação da Profª. Ticiana sobre a Evolução da Educação Especial.

As palestras foram interativas por meio da plataforma MS TEAMS e geraram ótimas discussões com os alunos, fazendo com que todos refletissem sobre o assunto.

O aluno Vitor Campos, da Engenharia Civil, comentou que é importante “Interpretar os outros sem rótulos e preconceito”, já a aluna Yara Karine Carneiro Melo relatou que o mundo seria perfeito se tratássemos todos de forma igual e que infelizmente. O diálogo foi complementado pela Profª. Ticiana que afirmou que o que consideram como respeito é confundido com o preconceito, que por sua vez, acaba virando discriminação. Em relação ao bullying, o aluno Carlos Alberto Gomes Filho afirmou que existem dois problemas que inibem a denúncia no ambiente de trabalho: primeiro, o medo de ser excluído e segundo, o do colega que pratica o bullying ser demitido, caso a empresa não tenha um política ideal para a resolução de conflitos. A Profª. Ticiana salientou que o ambiente profissional é a ponta da corda e que é esperado que as pessoas saibam como agir no trabalho. Por esse motivo, é importante que o aluno saia preparado para o mercado de trabalho, conhecendo a legislação e praticando a inclusão. Ela ressalta também que é de suma importância a formação continuada dentro das empresas, por meio de palestras e rodas de conversas. A Profª Vassilliki ainda pontuou que, infelizmente existe preconceito e desrespeito em todas as esferas, e que muitos não tem a percepção de como o seu comportamento pode afetar negativamente as outras pessoas, exemplificando o uso de apelidos indevidos ou não apreciados.

A Profª. Ticiana coordena o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas – NAPNE, que apoia de diversas formas de inclusão do aluno no IFSP CAR. Isso ocorre por meio do contato com o aluno e sua família. O NAPNE tem o auxílio de alunos bolsistas que se tornam tutores dos alunos assistidos pelo programa.

A Profª. Vassiliki agradece à participação da Profª. Ticiana na palestra e a na discussão de temas tão importantes para a formação do aluno e do cidadão, propondo a continuidade dessa ação, entre outras mais, para cada turma ingressante no curso de bacharelado em engenharia civil.

 

Autores: Alunos da Engenharia Civil Carlos Alberto Gomes Filho e Ana Júlia Vilare Profa. Drª. Vassiliki Boulomytis.

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