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Cinedebate

Cinedebate discutiu filme sobre luta das mulheres pelo direito ao voto

Publicado: Quarta, 14 de Março de 2018, 14h37 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h15

No dia 08 de março de 2018, quinta-feira, a partir das 16h15, ocorreu o primeiro cinedebate deste ano no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do filme suíço “Mulheres Divinas”. A organização deste evento contou com o apoio de ex-bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Rafael Honório Morais de Oliveira, Rafael do Nascimento Sorensen e Juliana Caroline da Silva Sousa), bem como de bolsistas e ex-bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto, Rafael Brock Domingos, Diego Corrêa Peres de Souza e Adriana de Andrade), todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, docente do IFSP-Caraguatatuba.

Professor Ricardo Plaza e alguns dos bolsistas e ex-bolsistas que ajudaram a organizar este cinedebate

Participaram ativamente desta atividade os professores Mauro Ribeiro Chaves (de Artes) e Alexandre Machado Rosa (de Educação Física), ambos docentes do IFSP-Caraguatatuba, bem como a professora Divina de Fátima dos Santos, docente de educação e psicologia do Centro Universitário Módulo, que leciona para estudantes da Universidade Aberta da Terceira Idade desta instituição e propôs para eles a participação neste evento na tarde desta quinta-feira. Participaram também desta atividade Teresa Cristina Cardoso Pereira Leite Daniel e Elisabeth Gomes Uchôas, servidoras do IFSP-Caraguatatuba (respectivamente psicóloga e técnica laboratorista), Zally Queiroz, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Idoso de Caraguatatuba, e Tiffany Félix, que foi candidata à prefeita de Caraguatatuba em 2016.

Professores Alexandre, Ricardo, Divina e Mauro

O filme “Mulheres Divinas” (o título original em alemão é “Die göttliche Ordnung”, enquanto o seu título em inglês é “The Divine Order”) foi lançado em 2017 e escrito e dirigido por Petra Biondina Volpe. Esta obra cinematográfica foi indicada pela Suíça para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O seu trailer legendado em português pode ser visto em: <https://www.youtube.com/watch?v=C2EJn4YFYDM>. Mais informações acerca deste filme podem ser obtidas nos seguintes links: <https://www.imdb.com/title/tt5818818/?ref_=nv_sr_1> (em inglês) e <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-253749/> (em português).

Professor Alexandre faz uma breve apresentação sobre este filme antes da sua exibição

A história do filme gira em torno da jovem dona de casa Nora (muito bem interpretada pela atriz Marie Leuenberger) que vivia com seu marido e seus dois filhos em uma pequena aldeia suíça em 1971 e influenciada pelo espírito das revoltas sociais do movimento de 1968, passa a organizar um movimento com o objetivo de estender o direito de voto às mulheres. O filme debate o patriarcado e seus hábitos arraigados que são transmitidos de pai para filho. No início do filme são apresentadas cenas reais de movimentos sociais dos anos 1960 e 1970 que contestavam comportamentos e valores conservadores estabelecidos até aquela época, transformando a sociedade: protestos estudantis, festival de Woodstock, movimento pacifista contra a guerra do Vietnã, hippies, black power, revolução sexual, emancipação feminina, etc.

Uma cena do filme revela um pouco do clima da época, quando em dado momento alguém argumentou contra o voto feminino afirmando que esta era uma ideia esquerdista! Em outra cena reveladora, quando indagada “Mas você nunca se interessou por questões políticas antes?!”, a protagonista responde prontamente, afirmando que a partir de um certo momento ela começou a se interessar por política, pelo fato de perceber que isto era relevante! Durante o debate foi lembrado que é importante respeitar a diversidade e as diferenças existentes entre todas as pessoas, mas que é importante ao mesmo tempo lutar também por uma igualdade de direitos que devem ser estendidos para todos os seres humanos.

Cena do filme “Mulheres Divinas”

Um tema que foi discutido após a exibição do filme é o paradoxo de que a Suíça que é um dos países mais ricos do mundo (e conhecido pelo seu sigilo fiscal que acaba protegendo fortunas oriundas de sonegação fiscal e outros crimes de pessoas do mundo todo) foi um dos últimos países a estender o direito do voto às mulheres, algo que ocorreu somente a partir de 1971; a última região administrativa da Suíça a garantir o direito de voto às mulheres só o fez em 1991 e, mesmo assim, obrigada por decisão da Suprema Corte do país. Aliás, até os anos 1970, a lei suíça dizia que para trabalhar fora a mulher precisava de uma autorização de seu marido. A película discute um pouco a respeito da questão de como liderar uma luta social, quando existe uma grande hostilidade de uma parcela da sociedade a respeito dos objetivos desta luta, e de como agir de modo a modificar esta realidade, transformando a consciência dos envolvidos.

O filme evidencia também que existiam mulheres que se manifestavam ativamente contra o direito de voto para as mulheres, na prática agindo contra os seus próprios interesses: o debate após a exibição lembrou como em muitos momentos da história, pessoas se manifestaram contra seus próprios direitos e interesses, por falta de consciência a respeito das consequências de seus atos ou devido a práticas de manipulação social realizadas pela mídia, por exemplo, ou por outros veículos de promoção de valores da ideologia dominante em dada época. Uma boa resenha de análise deste filme pode ser lida em: <http://cinepop.com.br/critica-mulheres-divinas-grito-de-independencia-feminino-158931>.

Debate sobre o filme “Mulheres Divinas”

Este foi o primeiro cinedebate programado para este ano de 2018 no IFSP-Caraguatatuba. As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas e ex-bolsistas de iniciação científica e de extensão no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” que é coordenado pelo professor Ricardo Plaza. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP; não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar um dos professores que fazem parte da equipe de organização deste programa de extensão (Ricardo Plaza, Mauro Chaves e Alexandre Rosa) para juntos organizarem os detalhes.

Fonte: Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira

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