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Cinedebate

Cinedebate discutiu documentário sobre o trabalho de agentes penitenciários

Publicado: Sexta, 20 de Outubro de 2017, 00h53 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h22

No dia 10 de outubro de 2017, terça-feira, a partir das 19h00, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do documentário “A Gente” acerca do trabalho e da vida de agentes penitenciários no Brasil. A ideia deste cinedebate surgiu quando Rogério Grossi - Rogério Grossi, diretor de base do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP) no litoral norte paulista, entrou em contato com o professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira que coordena o programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” no IFSP-Caraguatatuba, sugerindo uma exibição desta obra.

Público debate o documentário “A Gente”

Estiveram presentes, participando desta atividade, os docentes Mauro Ribeiro Chaves e Ederson Rafael Wagner, e a servidora técnico-administrativa Bernardina Francisca de Miranda do próprio IFSP-Caraguatatuba, bem como Carlos Felipe Tobias, presidente da subseção da OAB de Caraguatatuba, e Alexandro da Silva, presidente da Comissão de Direito Penal da mesma subseção. Comparecerem também muitos agentes penitenciários, bem como interessados em geral e estudantes do IFSP-Caraguatatuba, notadamente alunos do curso de Licenciatura em Física.

Professor Ricardo Plaza junto com agentes penitenciários presentes

A organização deste evento contou com o apoio dos bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Rafael Honório Morais de Oliveira, Rafael do Nascimento Sorensen, Diego Corrêa Peres de Souza, Juliana Caroline da Silva Sousa e Julia Cristina Barbosa Lucoveis), bem como de bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto, Rafael Brock Domingos e Izabela Duarte), todos eles orientados pelo professor Ricardo Plaza.

Rogério Grossi e Ricardo Plaza

A plataforma do site <www.videocamp.com> disponibiliza gratuitamente este documentário para quem tiver interesse em realizar exibições públicas. O documentário “A Gente” foi dirigido por Aly Muritiba e lançado em 2017. Ele completa a sua Trilogia do Cárcere, com os dois curtas-metragens anteriores feitos sobre o mesmo tema: “A Fábrica” e “Pátio”, que foi vencedor do festival “É tudo verdade”. Em “A Gente”, ele retornou ao presídio da cidade de São José dos Pinhais (PR), onde trabalhou por 7 anos, acompanhando a rotina diária de agentes penitenciários. O filme retrata o dia a dia de um grupo de agentes carcerários formado por 28 profissionais que faz a guarda e custódia de cerca de mil criminosos de uma penitenciária.

Licenciando em física Jeremias Ferreira e professor Ricardo Plaza

O trailer deste documentário pode ser visto no link: <https://www.youtube.com/watch?v=2sjxlpkP7zc>. Este longa foi selecionado para competir em importantes festivais de cinema, tais como no Festival Dok Leipzig (Alemanha), no Festival Internacional do Filme de Amiens (França) e no Festival do Rio (Brasil). O diretor Aly Muritiba nasceu no interior da Bahia, estudou História no sudeste do país e trabalhou durante vários anos como agente penitenciário no Paraná. A abertura de um curso de cinema em uma universidade paranaense trouxe a ele não somente uma oportunidade de se dedicar à sétima arte, mas uma chance de escapar da estressante rotina de trabalho dentro do sistema carcerário.

Professores Mauro e Ricardo

O documentário “A Gente” permitiu uma reflexão profunda sobre o trabalho e a vida cotidiana de agentes penitenciários, de modo a superar estereótipos e estigmas. Os diversos “capítulos” do documentário são curiosamente denominados a partir dos códigos que são usados diariamente para a radiocomunicação entre eles: QRV, QTI, QTC, ... O foco principal deste filme não são os presos, como geralmente ocorre, mas os agentes penitenciários, a corda bamba sobre a qual a vida deles se equilibra diariamente e as dificuldades e dilemas que envolvem o seu cotidiano profissional.

Cena do documentário “A Gente”

O debate posterior à exibição do documentário foi enriquecido pelos agentes penitenciários presentes que elucidaram questões e colaboraram para construir uma imagem mais próxima do real acerca de seu trabalho e da sua importância para a sociedade. O debate que se prolongou até às 22h30 teve a participação ativa do público que foi acima do esperado. Foram discutidos temas como a alta taxa de suicídios e a baixa expectativa de vida dos agentes penitenciários, a superlotação das unidades prisionais, a falta de efetivos, a baixa remuneração e os problemas existentes na gestão do Sistema Penal. Foi uma oportunidade de derrubar preconceitos existentes sobre uma profissão de servidores que é muito importante para a vida em sociedade, mas que vive questões diferenciadas em seu ambiente de trabalho, específicas desta profissão.

Ao longo do debate foi discutida a questão da estabilidade do servidor público e lembrado que ela é uma condição necessária para que realmente exista um corpo de servidores públicos profissionalizados e que atravessa várias gestões de orientações políticas e partidos diferentes, se mantendo o mesmo, com uma continuidade que viabiliza na prática uma melhoria contínua dos serviços públicos. Além disso, foi destacado que a estabilidade do servidor público é também de interesse da própria sociedade como um todo, em diversas situações. Um dos presentes que pediu a palavra durante o debate lembrou que sem a estabilidade, um servidor não se sentiria seguro para denunciar um superior hierárquico que estivesse cometendo um ato ilícito, pois poderia recear perder seu emprego. Finalmente, foi lembrado que serviços públicos de qualidade, em áreas como educação, saúde, segurança, assistência social, promoção da cultura e fomento à ciência e à pesquisa, só se viabilizam, se o estado estiver capitalizado financeiramente para conseguir de fato remunerar bem os servidores públicos e para contratá-los na quantidade necessária para os serviços públicos que deverão ser prestados. Alguns dos presentes lembraram que muitas vezes setores da mídia atacam injustamente os servidores públicos, disseminando um sentimento de antipatia em relação a estes profissionais e generalizando problemas que são pontuais e localizados em apenas alguns poucos servidores, de modo a acusar toda uma categoria que é vital para o bom funcionamento da sociedade, pois tem a missão de servir o público e oferecer os serviços sociais necessários em um estado civilizado.

A equipe de extensionistas responsável por este cinedebate agradece imensamente a Rogério Grossi pela dedicação e determinação no apoio dado para a organização deste evento.

Professor Ricardo Plaza com bolsistas que organizaram a exibição de “A Gente”

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP; não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

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