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Cinedebate

Cinedebate abordou filme sobre preconceitos contra transexuais

Publicado: Segunda, 11 de Junho de 2018, 13h10 | Última atualização em Segunda, 11 de Junho de 2018, 13h13

No dia 09 de junho de 2018, sábado, a partir das 10h da manhã, no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), ocorreu a exibição – seguida pelo posterior debate – do filme “Minha vida em cor-de-rosa”. A organização deste cinedebate contou com o apoio de bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rafael Honório Morais de Oliveira, Diego Bortoleto Licca, Caio Cesar Nogueira, Ryan Nepomuceno Montemor e Larissa Comodaro Nunes Sant’Ana), bem como dos bolsistas de iniciação científica João Pereira Neto (com bolsa PIBIC/CNPq) e Rafael Brock Domingos (com bolsa FAPESP) e da ex-bolsista de iniciação científica Adriana de Andrade (com bolsa PIBIFSP), todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, docente do IFSP-Caraguatatuba. Este cinedebate contou com a participação dos professores Regina Aparecida Berardi Osório e Alex Lino (docentes do IFSP) e da psicóloga Teresa Cristina Cardoso Pereira Leite Daniel (servidora técnico-administrativa do IFSP), bem como do professor de artes Emanuel Antonio de Rezende Araujo, docente da rede municipal de ensino de São Sebastião.

Público que participou do cinedebate sobre “Minha vida em cor-de-rosa”

A ideia original para realizar este cinedebate surgiu de um contato inicial da psicóloga Teresa Cristina com o professor Ricardo Plaza com o objetivo de exibir e debater obras cinematográficas que discutissem questões sobre a diversidade de gênero e sobre a importância do respeito para com as diferenças.

O filme “Minha vida em cor-de-rosa” (título original em francês: “Ma vie en rose”) foi lançado em 1997 e dirigido por Alain Berliner. Mais informações em inglês sobre esta obra cinematográfica podem ser obtidas no site do IMDB e em português no site da revista “Carta Capital”. O trailer deste filme pode ser visto aqui.

Teresa Cristina e Ricardo Plaza

“Minha vida em cor-de-rosa” ganhou o Globo de Ouro em 1998 nos Estados Unidos, como melhor filme em língua estrangeira, além de 12 outros prêmios em festivais de cinema. A bela música tema do filme, “Rose”, cantada pela cantora francesa Zazie, pode ser escutada aqui.

Bolsistas que organizaram este cinedebate juntamente com professor Ricardo Plaza

O filme conta a história de Ludovic, uma garota transexual que está começando a assumir sua verdadeira identidade perante o mundo. Ela é vista pela família e comunidade como um menino, mas de forma consistente comunica que quer ser uma menina. O filme retrata a luta para a sua família aceitar essa expressão de gênero transgressiva, e assim anuir com os desejos e a real identidade de Ludovic.

Antes do início da exibição do filme foi apresentado o curta “Trans(verso)” que mostra o dia a dia de quatro meninos trans em seus processos de adaptação e com seus medos e desejos; ele pode ser assistido gratuitamente no youtube.

Professores Emanuel, Regina e Ricardo Plaza

Após a exibição, o professor Ricardo Plaza lembrou aos presentes a respeito de como as concepções de masculinidade e feminilidade são construções culturais de cada sociedade, que inclusive mudam com o passar dos tempos. Para exemplificar apresentou um quadro com um retrato oficial do poderoso rei Luis XIV (1638-1715), da França, apelidado de “O Grande” e “Rei Sol”: aquele que foi um símbolo de masculinidade e do poder masculino para a sua época, é retratado com peruca, meia-calça, salto-alto e postura de bailarina, traços que nos dias de hoje são considerados femininos.

Quadro com retrato oficial do rei Luis XIV, da França

Durante o debate, a estudante Larissa Comodaro lembrou aos presentes que as identidades de gênero dos seres humanos são algo muito mais complexo do que um esquema binário: para explicar melhor esta ideia foi apresentada a imagem “gender graphics” que é discutida pelo artigo (em inglês) “When Queer = Diversity = Complicated” de autoria de Dot Brauer e disponível para ser lido no site da Universidade de Vermont.

Imagem “gender graphics” apresentada ao público

Durante o debate o professor Emanuel lembrou que o Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo, como informa o artigo “Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo” disponível aqui.

Ao longo das discussões foi lembrado o nome da filósofa Judith Butler que é professora da Universidade da Califórnia em Berkeley e que é uma das mais importantes pensadoras da atualidade na área dos estudos de gênero, um campo de pesquisa acadêmica interdisciplinar que procura compreender as relações de gênero – feminino, transgeneridade e masculino – na cultura e sociedade humanas. Ela esteve no Brasil em 2017, quando participou de diversos debates. No vídeo “Quem tem medo de falar sobre gênero?” (dis ela explica um pouco a respeito de suas ideias. Adicionalmente, o artigo “Judith Butler: ‘O ataque ao gênero emerge do medo das mudanças’”, disponível aqui, apresenta uma boa entrevista com esta filósofa.

Ao final deste cinedebate, o estudante Kauã Freitas ressaltou a obra “ILE, o curta” (disponível aqui) que foi apresentada ao público presente: ela conta a luta pelo espaço na sociedade de dois personagens transexuais adolescentes. Este curta que foi dirigido por Vanessa Coscia e exibido no festival internacional de cinema “Women and Hollywood”, tornou-se vencedor do prêmio "First Time Female Filmmaker Contest", da edição de New York, nos EUA, em 2017.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas e ex-bolsistas de iniciação científica e de extensão no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” do IFSP-Caraguatatuba que é coordenado pelo professor Ricardo Plaza e conta na sua equipe também com os professores Mauro Chaves e Alexandre Rosa. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza para juntos organizarem os detalhes.

Fonte: Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira

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