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Cinedebate

Cinedebate abordou filme sobre neonazistas

Publicado: Segunda, 21 de Mai de 2018, 15h45 | Última atualização em Quinta, 15 de Setembro de 2022, 16h16

No dia 19 de maio de 2018, sábado, a partir das 10h00 da manhã, no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), ocorreu a exibição – seguida pelo posterior debate – do filme “A Outra História Americana”. A organização deste cinedebate contou com o apoio de bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rafael Honório Morais de Oliveira, Henrique Madeo Pereira, Diego Bortoleto Licca, Larissa Comodaro Nunes Sant’Ana, Caio Cesar Nogueira e Ryan Nepomuceno Montemor), bem como dos atuais bolsistas de iniciação científica João Pereira Neto (com bolsa PIBIC do CNPq) e Rafael Brock Domingos (com bolsa FAPESP), todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, docente do IFSP-Caraguatatuba. Este cinedebate contou com a participação também da professora Priscila Cristini dos Santos, coordenadora do curso técnico em meio-ambiente do IFSP-Caraguatatuba. Esta atividade fez parte da programação de eventos da VIII Semana Cultural do IFSP-Caraguatatuba que teve como tema “O Cortiço: o que é que tem nele?”

Professor Ricardo Plaza com jovens estudantes que ajudaram a organizar este cinedebate

O filme “A Outra História Americana” (o título em inglês é: “American History X”) foi dirigido por Tony Kaye e lançado em 1998. Mais informações sobre este filme podem ser obtidas em inglês no site IMDB; de acordo com os usuários deste site este filme foi classificado como sendo o 33º melhor filme da história do cinema: mais de 896 mil usuários votaram e conferiram a nota média 8,5 para esta película. Informações em português estão disponíveis nos sites do adorocinema e filmow. O seu trailer pode ser visto aqui.

Professores Ricardo e Priscila no dia do cinedebate

O ator Edward Norton foi indicado ao Oscar pela interpretação do principal protagonista do filme, um ex-neonazista skinhead (Derek) que após sair da prisão tenta evitar que seu irmão mais novo (Danny) siga o mesmo caminho de ódio, racismo e intolerância que ele mesmo trilhou no passado. A mudança pela qual passa Derek, quando ele fica três anos na prisão (após ser julgado pela morte de duas pessoas), se relaciona com a sua amizade com um jovem negro que está preso junto com ele (com pena de seis anos por roubo e agressão a um policial) e que em determinado momento fala para Derek: “Na prisão, você é o negro, não eu.” Este mesmo amigo, em outro momento, também explica a ele que muitas vezes não temos respostas, porque fazemos as perguntas erradas: para conseguir respostas, temos que passar a fazer as perguntas certas! Como técnica cinematográfica, as cenas do passado (antes da prisão) em que Derek professava as ideias nazistas são apresentadas em preto e branco, para se contrapor às cenas coloridas em que ele se passa a se opor aos seus antigos amigos nazistas. A história do filme se passa na cidade norte-americana de Los Angeles, nos anos 1990.

De certo modo, o filme evidencia que o ódio é frequentemente um círculo sem fim que consome a própria pessoa que odeia, ou, em outras palavras, "o ódio é um veneno que você toma, querendo que o outro morra", de acordo com um conhecido adágio. Danny, o irmão mais novo, no trabalho solicitado pelo seu professor (que não desiste dele e tenta fazê-lo refletir sobre as consequências das suas escolhas), escreveu: “O ódio é um ônus, a vida é muito curta para se estar sempre com raiva. Não vale a pena.”

Uma boa análise da desumanização do outro que é realizada por nazistas pode ser vista no vídeo “Maus - Desumanização e o Holocausto” produzido pelo canal “Quadro em branco” do Youtube.

Durante o debate, foi salientado que no mundo todo, em situações em que aumenta a insegurança das pessoas, o discurso de ódio, xenofobia e intolerância contra minorias e imigrantes ganha espaço, como ocorreu, por exemplo, nos EUA com a eleição de Trump, no Reino Unido, na votação do BREXIT (saída deste país da União Europeia), e no Brasil, nos últimos anos, com o aumento de discursos de caráter fascista e contrários às ações afirmativas e aos direitos humanos e às garantias constitucionais a todos os cidadãos.

A ideologia neonazista vem conquistando mais adeptos em diferentes partes do mundo, popularizando noções da superioridade “ariana” sobre outros grupos considerados “impuros”, como negros, latinos, homossexuais, imigrantes e, no Brasil, até nordestinos, recrutando jovens desempregados, frustrados e inseguros, onde, por vezes, vicejam sentimentos de medo, ódio e ressentimento.

Cena de “A Outra História Americana” com o ator Edward Norton que interpreta um ex-neonazista

Dois relatos em certo sentido semelhantes à história do filme podem ser lidos no artigo “’Ao invés de provar do ódio que eu mesma propaguei, me recebem com amor’: a ex-neonazi que trabalha com refugiados na Suécia”  e “O Skinhead Reciclado”.

Ao final do debate, foi exibida a música “Cota não é esmola” interpretada de forma excepcional pela cantora Bia Ferreira, de modo a discutir o racismo no Brasil; este vídeo está disponível para ser visto aqui.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas e ex-bolsistas de iniciação científica e de extensão no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” do IFSP-Caraguatatuba que é coordenado pelo professor Ricardo Plaza. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza para juntos organizarem os detalhes.

Fonte: Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira

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