Cinedebate abordou filme sobre a psiquiatra Nise da Silveira
No dia 24 de agosto de 2019, sábado, a partir das 10h da manhã, no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), ocorreu a exibição – seguida pelo posterior debate – do filme brasileiro “Nise – O coração da Loucura”. A organização deste cinedebate contou com o apoio do bolsista André da Silva Mendes do projeto de extensão “Apresentações Científicas e Culturais” e do bolsista Vinicius Amaral Sousa Abrahão do projeto de extensão “Cinedebate”, bem como da estudante Nicoli Rocha Santos, todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, docente do IFSP-Caraguatatuba.
Público presente no cinedebate sobre o filme Nise – O coração da loucura
Participaram ativamente deste cinedebate os professores Mauro Ribeiro Chaves, Sheyla Gorayeb Silva, Janice Peixer e Adriana Lima Nagy de Oliveira, todos docentes do IFSP-Caraguatatuba que estavam acompanhando seus alunos de diferentes disciplinas que lecionam.
Professores Adriana, Ricardo e Sheyla
Estiveram presentes neste cinedebate alunos dos diversos cursos do IFSP-Caraguatatuba, tais como licenciatura em física, licenciatura em matemática, ensino médio integrado com o técnico em informática, ensino técnico de administração e proeja (educação de jovens e adultos), bem como convidados da comunidade externa do IFSP, como foi o caso da assistente social Patricia Regina Macedo Borges.
Janice, Mauro, Ricardo e Patricia
O filme “Nise – O Coração da Loucura” foi lançado em 2015 e dirigido por Roberto Berliner. O seu trailer pode ser assistido em <https://www.youtube.com/watch?v=UeAUNvcM_xk>. Mais informações sobre este filme podem ser obtidas em inglês no site “IMDB” (Internet Movie Database) em <https://www.imdb.com/title/tt2168180/?ref_=fn_al_tt_1> e em português no site “Adoro Cinema” em <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-240724/>.
Aluna Beatriz Aguida Gomes debate o filme
Esta obra cinematográfica aborda a vida e o trabalho profissional de Nise da Silveira (1905-1999), uma psiquiatra que a partir dos anos 1940 revolucionou o tratamento mental no Brasil, manifestando-se contra as formas que julgava agressivas em tratamentos, tais como eletrochoques, confinamentos e lobotomia e a favor de formas de tratamento que consideravam a humanidade dos pacientes, tais como pela interação com animais e pela terapia ocupacional, em ateliês criados de pintura e modelagem criados por ela para possibilitar que os doentes reatassem seus vínculos com a realidade por meio da expressão simbólica, da criatividade e da arte.
Aluna Ryanie de Paula reflete sobre o filme com os presentes
No filme, a atriz Gloria Pires interpreta, de modo magnífico, o papel da psiquiatra Nise da Silveira. Durante o transcorrer do filme aparece também, como personagem, o crítico de arte Mario Pedrosa (1900-1981) que nos anos 1940 ficou encantado ao conhecer os trabalhos de arte produzidos pelos pacientes tratados por Nise da Silveira; na película ele afirma que “uma das funções mais poderosas da arte é a revelação do inconsciente”.
Estudante Luiz Gustavo Correia Silva argumenta sobre o seu ponto de vista
O vídeo “Quem foi Nise da Silveira? – Ocupação Nise da Silveira (2017)” de 8 minutos disponível para ser assistido em <https://www.youtube.com/watch?v=cr2rImC345A> fornece mais informações acerca desta importante pesquisadora.
Cena do filme Nise – O coração da loucura
Nise da Silveira frequentou a Faculdade de Medicina da Bahia entre 1926 e 1931, onde se formou como a única mulher dentre os 157 homens de sua turma. Após se formar, fez um curso de especialização em psiquiatria. Nise foi denunciada pela posse de livros marxistas após a Intentona Comunista de 1936 e acabou ficando presa por 18 meses, numa época de obscurantismo, devido ao seu engajamento político. Os impactos deste período de prisão e de outros momentos da vida de Nise da Silveira em seu trabalho profissional podem ser melhores conhecidos no vídeo de 13 minutos intitulado “Museu de Imagens do Inconsciente” produzido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e que está disponível para ser assistido em <https://www.youtube.com/watch?v=eY8g0j8gyu8>.
Nise da Silveira
O debate após a exibição deste filme ocorreu sob diversos ângulos. A professora Sheyla Gorayeb destacou o espírito de empreendedora de Nise da Silveira que após chegar para trabalhar no Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro (na cidade do Rio de Janeiro) em 1944, realizou um verdadeiro planejamento estratégico para as ações que realizaria mais a frente, tendo em vista as perguntas básicas: O que? Como? Quem? Por quê? Quanto? Nise da Silveira acabou encontrando na arte uma ferramenta estratégica para a transformação e humanização do tratamento de doentes mentais.
Professora Sheyla reflete sobre o filme do ponto de vista do empreendedorismo
Algo que foi salientado também durante o debate foi a respeito da troca de correspondências bastante proveitosa que ocorreu entre Nise da Silveira e o austríaco Carl Gustav Jung (1875-1861), fundador da psicologia analítica e criador de conceitos importantes como os de arquétipo e de inconsciente coletivo.
Nise da Silveira e Carl Gustav Jung
Em 1952, Nise da Silveira fundou o Museu de Imagens do Inconsciente (<https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Imagens_do_Inconsciente>) no até então Centro Psiquiátrico Nacional do bairro de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Atualmente, esta instituição conta com 350 mil obras de arte de pacientes com transtornos mentais oriundos da arte-terapia aplicada pela Doutora Nise.
Professor Ricardo Plaza junto com alunos Vinicius, Nicoli e André
Uma frase que no final do filme é dita pela própria Nise da Silveira, em uma filmagem de quando ela já estava idosa, foi destacada por alguns dos presentes neste cinedebate: “Há dez mil modos de pertencer à vida e de lutar pela sua época”!
As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas e voluntários no âmbito dos projetos de extensão “Cinedebate” e “Apresentações Científicas e Culturais”, que são coordenados pelo professor Ricardo Plaza no IFSP-Caraguatatuba. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. A programação dos próximos cinedebates que estão previstos para acontecer se encontra sempre disponível no site do IFSP-Caraguatatuba em um espaço próprio sobre os cinedebates. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas instituições de ensino participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza para juntos organizarem os detalhes.
Fonte: Prof. Ricardo Roberto Plaza Teixeira
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