Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página
Cinedebate

Cinedebate abordou filme “Sacco e Vanzetti”

Publicado: Segunda, 21 de Mai de 2018, 16h07 | Última atualização em Segunda, 21 de Mai de 2018, 16h11

No dia 18 de maio de 2018, sexta-feira, a partir das 16h30 da tarde, no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), ocorreu a exibição – seguida pelo posterior debate – do filme “Sacco e Vanzetti”. A organização deste cinedebate contou com o apoio de bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rafael Honório Morais de Oliveira, Henrique Madeo Pereira, Diego Bortoleto Licca, Larissa Comodaro Nunes Sant’Ana, Caio Cesar Nogueira, Nicolas Gama Coelho Rodrigues e Ryan Nepomuceno Montemor), bem como dos atuais bolsistas de iniciação científica João Pereira Neto (com bolsa PIBIC do CNPq), Rafael Brock Domingos (com bolsa FAPESP) e Diego Corrêa Peres de Souza (com bolsa PIBIFSP), todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, docente do IFSP-Caraguatatuba. Este cinedebate contou com a participação também da professora Maria do Carmo Cataldi Muterle, docente da área de gestão empresarial do IFSP-Caraguatatuba. Esta atividade fez parte da programação de eventos da VIII Semana Cultural do IFSP-Caraguatatuba que teve como tema “O Cortiço: o que é que tem nele?”

Professor Ricardo Plaza com bolsistas que organizaram o cinedebate sobre “Sacco e Vanzetti”

O filme “Sacco e Vanzetti” foi dirigido por Giuliano Montaldo e lançado em 1971. Mais informações sobre este filme podem ser obtidas em inglês no site IMDB e em português no artigo “O Anarquismo e o Filme Sacco e Vanzetti”. Uma cena legendada deste filme (durante o julgamento) com cerca de 5 minutos pode ser assistida aqui. A bela trilha sonora deste filme contou com a participação da cantora folk Joan Baez que interpreta a música “Here’s to you” que pode ser assistida aqui e do maestro Ennio Morricone – a sua bela música “Balada de Sacco e Vanzetti” (também na voz de Joan Baez) pode ser apreciada aqui.

Cena do filme “Sacco e Vanzetti”

O filme aborda a história real de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti (interpretados no filme, respectivamente, pelos atores Riccardo Cucciolla e Gian Maria Volontè) que são imigrantes italianos trabalhando nos EUA nos anos 1920 e que são condenados a pena de morte injustamente devido a uma acusação falsa e forjada de homicídio: na verdade a condenação de ambos ocorreu devido às suas ideias anarquistas, às suas convicções políticas e aos preconceitos contra imigrantes, sindicalistas e ativistas de esquerda.

Professores Ricardo Plaza e Maria do Carmo

Sacco e Vanzetti foram claramente vítimas dos preconceitos do juiz e do corpo de jurados envolvidos no caso, em uma época em que grande parte da elite norte-americana temia uma revolução comunista como a que ocorrera na Rússia em 1917. Eles foram executados em 1927: não foram absolvidos nem mesmo depois que um outro homem admitiu, dois anos antes (em 1925), a autoria dos crimes. Em 1977 (50 anos após a execução de ambos), o governador de Massachusetts Michael Dukakis promulgou um documento que os absolvia e acusava a promotoria do caso de “fazer uso de falsas provas, ocultando dados favoráveis aos réus e apelando ao preconceito do júri”. Um bom artigo de análise histórica sobre este julgamento, intitulado “Julgamentos Históricos: Sacco e Vanzetti, condenados pela ira do capitalismo norteamericano”, está disponível para ser lido aqui.

Foto histórica de Bartolomeo Vanzetti e Nicola Sacco

Este caso é considerado como uma das maiores injustiças da história do judiciário norte-americano e foi um processo marcado profundamente por diversos tipos de preconceitos. De acordo com Sergio Pinto Martins, em seu livro “Direito processual do trabalho”, “a prova testemunhal é a pior prova que existe, sendo considerada a prostituta das provas, justamente por ser a mais insegura”: ela está sujeita a muitas imprecisões devido à falibilidade natural do ser humano e às distorções propositais de testemunhas para favorecer ou prejudicar uma das partes envolvidas. O debate após a exibição do filme destacou que para condenar alguém é importante existirem evidências materiais e não apenas provas testemunhais, pois a nossa memória e os nossos sentidos muitas vezes nos enganam de várias formas, tendo em vista nossas experiências anteriores, nossos pré-conceitos e a necessidade de condenar alguém quando existe um crime grave. Para exemplificar como os nossos sentidos nos enganam, foi apresentada aos presentes a famosa foto de um vestido que para alguns parece ser dourado e para outros parece ser azul.

Foto de um vestido que parece dourado para alguns e azul para outros

O debate após o filme também refletiu sobre como o poder judiciário – muitas vezes pelos altos salários de juízes, promotores e procuradores envolvidos – tem frequentemente um viés aristocrático e anti-povo; esta questão é muito bem discutida pela vídeo “Thor e Tocqueville - Carniceiros e Aristocratas” produzido pelo canal do Youtube “Quadro em branco” e que pode ser assistido aqui. Foi lembrado adicionalmente que ao longo da história ocorreram muitas condenações, prisões e execuções de determinadas lideranças por motivações políticas e devido ao fato de que estas lideranças incomodavam o status quo dominante em determinados períodos históricos: Sócrates, Jesus, Giordano Bruno, Galileu, Tiradentes, Dreyfus, Olga Benário, Mandela, etc.

Este cinedebate contou também com a contribuição de Celso Luis Zarbietti que trouxe, para os presentes conhecerem, um livro com as capas históricas do jornal “Folha de São Paulo”, inclusive com a capa do jornal de agosto de 1927 noticiando a execução dos sindicalistas Sacco e Vanzetti em Boston (EUA).

Nicolas, professor Ricardo e Celso

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas e ex-bolsistas de iniciação científica e de extensão no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” do IFSP-Caraguatatuba que é coordenado pelo professor Ricardo Plaza. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza para juntos organizarem os detalhes.

Fonte: Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira

registrado em:
Fim do conteúdo da página