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Cinedebate

Cinedebate discutiu o filme “A Vida dos Outros” no IFSP-Caraguatatuba

Publicado: Quinta, 21 de Setembro de 2017, 10h32 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h13

No dia 02 de setembro de 2017, sábado, pela manhã entre 09h00 e 12h00, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do filme “A Vida dos Outros”. Esta atividade fez parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de seus bolsistas deste programa de extensão (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Juliana Caroline da Silva Sousa, Julia Cristina Barbosa Lucoveis, Rafael Honório Morais de Oliveira, Rafael do Nascimento Sorensen, Thiffany Souza do Nascimento e Diego Corrêa Peres de Souza), bem como de seus bolsistas de iniciação científica (Rafael Brock Domingos, Izabela Duarte e Adriana de Andrade). Este cinedebate foi organizado a partir de uma ideia do professor Nelson Alves Pinto que, em conversa com o professor Ricardo Plaza, lembrou da importância dos temas abordados por esta obra cinematográfica. Além dos professores Ricardo Plaza e Nelson Alves, estiveram presentes também, os professores Murilo Vogt Rossi e Juliana La Salvia Bueno, que também são docentes do IFSP-Caraguatatuba.

Professores Nelson e Ricardo Plaza

O filme “A Vida dos Outros” (o título original em alemão é “Das Leben der Anderen”) foi dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck e lançado em 2006. A trama da obra, que se passa nos anos 1980, na antiga Alemanha Oriental, conta com o ator Ulrich Mühe no papel de um agente da Stasi (a polícia secreta do regime comunista que existia na época) que espiona a vida de um escritor de prestígio interpretado pelo ator Sebastian Koch. O trailer desta película – que venceu o Oscar de 2007 na categoria de melhor filme estrangeiro – pode ser assistido em: <https://www.youtube.com/watch?v=spdO_XPD58M>. Diversas informações sobre este filme (em inglês) podem ser obtidas no site do IMDB no link: <http://www.imdb.com/title/tt0405094/?ref_=fn_al_tt_1>. Trata-se de uma história muito bem contada, forte e fascinante por diversos ângulos, inclusive o da ética, no que diz respeito a não fazer para o outro aquilo que não deseja para si mesmo.

Professor Ricardo junto com alguns dos bolsistas que organizaram este cinedebate

O filme debate a questão de como um estado policial acaba sufocando as liberdades individuais. Antes da exibição do filme, foi lembrado que algumas das propostas denominadas “10 medidas para acabar com a corrupção”, que estão sendo discutidas pelo Congresso Nacional, se analisadas com mais cuidado, atacam as garantias individuais, acabam com a presunção da inocência (de que “todos são inocentes até prova em contrário”), autorizam prisões preventivas sem o devido fundamento, permitem o uso de provas ilícitas e, no limite, podem culminar por estabelecer um verdadeiro estado de exceção. Deste modo, foi destacado que provas obtidas por meio de tortura não podem ser consideradas como legítimas em um estado de direito, sob qualquer pretexto, inclusive o de combater a corrupção. Um ponto adicional lembrado é que o devido processo legal para condenação de qualquer pessoa, não pode estar somente baseado em provas testemunhais e em delações, mas sim também em provas materiais. O objetivo destas falas iniciais foi o de mostrar as semelhanças entre algumas destas propostas, em discussão no Brasil, para pretensamente combater a corrupção e aquilo que acontecia na antiga Alemanha Oriental, no que diz respeito ao cerceamento dos direitos básicos de cada cidadão.

Público debate o filme exibido

Após a exibição de “A Vida dos Outros”, na discussão que ocorreu, foi lembrado que em nome de ideais de justiça e de combate às desigualdades, estados que se autoproclamavam socialistas também cometeram muitos abusos contra os direitos civis, tentando controlar e restringir a liberdade de pensamento e de expressão, como no caso da antiga Alemanha comunista: assim, é preciso sempre estar atento sobre a importância destas liberdades fundamentais, qualquer que seja o regime político que se procure estabelecer ou defender. Foi salientado a este respeito que uma grande questão política na história da humanidade é como conciliar a luta por um sistema econômico e político com mais solidariedade, com menos desigualdades sociais e com a prevalência dos interesses coletivos, sem violar a liberdade, a intimidade e a privacidade de cada cidadão e as garantias dos seus direitos individuais.

Professor Nelson debate com os presentes sobre o filme

Do ponto de vista da análise psicológica que é feita no filme, foi lembrado que a solidão do agente da polícia secreta (Stasi), de algum modo ajudou no processo de sua humanização ao longo da trama narrativa, revelado pelo surgimento de uma genuína empatia para com o sujeito que devia espionar e perseguir. Também foi ressaltado o quanto o assédio sexual em uma relação de poder é um ato criminoso e que deve ser sempre denunciado e combatido. Do ponto de vista científico, foi feita uma analogia entre a história narrada e a física quântica: não é possível a neutralidade quando se observa um fato social qualquer, pois mesmo a ação de não intervir já é fruto de uma decisão consciente e seguramente não é neutra. Finalmente, houve a lembrança de que servidores públicos não podem burocraticamente cumprir ordens desumanas vindas de seus superiores hierárquicos: até mesmo soldados – em que pese toda a hierarquia que deve existir nas forças armadas – não podem e não devem obedecer ordens que sejam cruéis e degradantes.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP; não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

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