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Cinedebate no IFSP-Caraguatatuba discutiu o documentário “ABC da Greve”

Publicado: Terça, 30 de Mai de 2017, 09h56 | Última atualização em Terça, 30 de Mai de 2017, 09h56

No dia 28 de abril de 2017, sexta-feira, pela manhã, entre 10h30 e 12h30, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do documentário “ABC da Greve”. Esta atividade faz parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de seus bolsistas deste programa de extensão (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Julia Cristina Barbosa Lucoveis, Juliana Caroline da Silva Sousa, Diego Corrêa Peres de Souza, Rafael Honório Morais de Oliveira e Rafael do Nascimento Sorensen), bem como de seus bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto e Rafael Brock Domingos).

Professor Ricardo Plaza e seus bolsistas que organizaram este cinedebateProfessor Ricardo Plaza e seus bolsistas que organizaram este cinedebate

Este cinedebate contou com a participação também do Prof. Dr. Alex Lino (docente de física do IFSP-Caraguatatuba) e da professora Mayra de Andrade Medina, que atualmente está realizando seu mestrado em Ensino de História na UNIFESP de Guarulhos.

O documentário “ABC da Greve” começou a ser filmado no ano de 1979, mas só foi concluído em 1990. Ele pode ser assistido integralmente no link: <https://www.youtube.com/watch?v=2hhFk0cml6Y>. Esta película que foi dirigida por Leon Hirszman procura apresentar os acontecimentos do movimento operário de 1979, no ABC paulista, retratando a busca dos operários por melhores salários e melhores condições de vida e o momento em que decidem pela greve, enfrentando a ditadura militar no Brasil. O movimento de 150 mil metalúrgicos teve como resposta uma intervenção da ditadura no sindicato da categoria. Mobilizando um numeroso contingente policial, o governo iniciou uma grande operação de repressão; sem espaço para realizar suas assembleias, os trabalhadores foram acolhidos pela igreja. Depois de 45 dias, ocorreu um acordo entre patrões e operários, mas o movimento sindical brasileiro e a história do Brasil seriam profundamente modificados por esta greve. As cenas apresentadas que mostram o aço sendo forjado por operários em fornos de altas temperaturas, de modo metafórico, conduzem à reflexão sobre como lideranças reais são forjadas no calor dos movimentos sociais que surgem ao longo da história.

O filme mostra criticamente os três eixos simultâneos em ação naquele momento histórico: o movimento dos trabalhadores e suas condições materiais de vida, as ações do empresariado e o papel do governo do regime militar como elemento vital de repressão ao movimento operário e de apoio ao capital. Enquanto filmava as cenas que estão neste documentário, Leon Hirszman preparava o roteiro do excelente filme “Eles não usam black-tie” que também abordou movimentos reivindicatórios de trabalhadores operários e que contou com a participação dos atores Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro.

Neste ano de 2017 está fazendo 100 anos da primeira greve geral no Brasil, que se iniciou em julho de 1917 como uma greve restrita a uma fábrica têxtil na Mooca, em São Paulo, mas depois se espalhou por São Paulo e para outros estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Historicamente, os sindicatos são considerados importantes representantes coletivos de diferentes categorias de trabalhadores, principalmente em momentos em que estejam ameaçados seus direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, quando greves podem se tornar mecanismos de luta em situações em que ocorram flagrantes injustiças.

Durante os debates realizados após a exibição do documentário foi destacada a importância civilizatória da existência da previdência pública, da saúde pública e da educação pública para a construção de um Estado que consiga de fato ter recursos financeiros, mecanismos e disposição para proteger e ajudar os membros mais frágeis da sociedade – idosos, doentes, crianças e jovens, principalmente das classes trabalhadoras – sobretudo em um país onde a desigualdade social ainda é extremamente alta e desumana como o Brasil. O conceito de ideologia também foi debatido, pois foi lembrado que não somente quem procura mudar algo no sistema age motivado por uma ideologia: aquele que colabora para manter o sistema – não atuando de algum modo alterá-lo – também age motivado por uma (outra) ideologia! De modo geral, as intervenções procuraram refletir sobre as semelhanças e as diferenças entre a situação atual do país e o momento histórico que o Brasil vivia em 1979. Vários artistas que apoiaram o movimento grevista dos metalúrgicos do ABC no final dos anos 1970 aparecem retratados na tela, tais como Bete Mendes, João Bosco, Gonzaguinha, Elis Regina e Vinicius de Moraes. A música que fecha o documentário é “Pode guardar as panelas” do sambista Paulinho da Viola, que pode ser assistido apresentando-a no link: <https://www.youtube.com/watch?v=zoZqHMzfsl8>.

Professores Mayra, Ricardo e Alex, após o cinedebateProfessores Mayra, Ricardo e Alex, após o cinedebate

Uma boa análise deste documentário aparece no artigo acadêmico intitulado “ABC da Greve, de Leon Hirszman: a escrita da história em confronto”, escrito por Reinaldo Cardenuto, publicado na revista Rumores (da USP) e que pode lido no link: <http://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/51226/55296>.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

As opiniões e os pontos de vista manifestados nas atividades descritas neste texto não necessariamente refletem a posição institucional do IFSP e são de inteira responsabilidade das pessoas que manifestaram tais opiniões e pontos de vista.

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