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Cinedebate no IFSP abordou documentário sobre Carlos Marighella

Publicado: Terça, 04 de Abril de 2017, 18h57 | Última atualização em Terça, 04 de Abril de 2017, 18h57

No dia 31 de março de 2017, sexta-feira, a partir das 16:30, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição do documentário “Marighella” e o posterior debate sobre esta obra cinematográfica. Esta atividade faz parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de seus bolsistas de iniciação científica João Pereira Neto, Rafael Brock Domingos e Adriana de Andrade, bem como da estudante Ione Pereira dos Santos, do curso de Tecnologia em Processos Gerenciais. Seu objetivo foi refletir sobre a luta de resistência contra a ditadura militar que se iniciou por meio de um golpe militar que destituiu o presidente eleito João Goulart (“o “Jango”) que ocorreu exatamente no dia 31 de março de 1964, portanto há 53 anos.

Professor Ricardo Plaza junto com os estudantes Rafael, João e IoneProfessor Ricardo Plaza junto com os estudantes Rafael, João e Ione

O documentário “Marighella” que foi produzido pela cineasta Isa Grispum Ferraz, sobrinha de Marighella, conta com a narração do ator Lázaro Ramos e foi lançado em 2012. Esta obra cinematográfica muito bem estruturada, a partir de uma minuciosa pesquisa historiográfica, pode ser assistida no link: <https://www.youtube.com/watch?v=SF2Rt1-e8G8>.

A música principal deste filme-documentário foi produzida pelos Racionais MCs; o clip oficial da canção “Mil faces de um homem leal – Marighella” pode ser assistido em: <https://www.youtube.com/watch?v=Q7MOtsjDFUw>.

Público presente ao cinedebate sobre o documentário MarighellaPúblico presente ao cinedebate sobre o documentário Marighella

Carlos Marighella foi um escritor e guerrilheiro considerado inimigo público número um pelo regime militar e foi morto por agentes da repressão em 1969. Ele foi um dos vários filhos de uma família pobre de Salvador; seu pai era um imigrante italiano e sua mãe era filha de escravos africanos trazidos do Sudão. Em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela sua morte e em 2008 foi decidido que sua companheira Clara Charf deveria receber pensão do governo brasileiro, apesar de a família de Marighella não ter solicitado reparação econômica, apenas o reconhecimento da perseguição que sofreu. Em novembro de 2013, a Comissão da Verdade realizou ato em memória de Marighella no dia em que fazia 44 anos de sua morte. O tributo ocorreu na alameda Casa Branca e contou com a presença da viúva do guerrilheiro, Clara Charf, que considerou o tributo importante para conscientizar as pessoas do que houve naquela rua, onde seu marido fora morto.

Debate após a exibição do documentário MarighellaDebate após a exibição do documentário Marighella

Marighella escreveu diversos livros e é conhecida uma prova de física (na área da óptica) que ele respondeu na forma de poesia durante a sua juventude: “Doutor, a sério falo, me permita, / Em versos rabiscar a prova escrita. / Espelho é a superfície que produz, Quando polida, a reflexão da luz. / Há nos espelhos a considerar / Dois casos, quando a imagem se formar. / Caso primeiro: um ponto é que se tem; / Ao segundo um objeto é que convém. / Seja a figura abaixo que se vê, / o espelho seja a linha betacê. / O ponto P um ponto dado seja, / Como raio incidente R se veja. / O raio refletido vem depois / E o raio luminoso ao ponto 2. / Foi traçada em seguida uma normal / o ângulo I de incidência a R igual. / Olhando em direção de R segundo, / A imagem vê-se nítida no fundo, / No prolongado, luminoso raio, / Que o refletido encontra de soslaio. / Dois triângulos então o espelho faz, / Retângulos os dois, ambos iguais. / Iguais porque um cateto têm comum, / Dois ângulos iguais formando um. / Iguais também, porque seus complementos / Iguais serão, conforme uns argumentos. / Quanto a graus, A+I possui noventa, / B+J outros tantos apresenta. / Por vértice opostos R e J / São iguais assim como R e I. / Mostrado e demonstrado o que é mister, / I é igual a J como se quer. / Os triângulos iguais viram-se acima, / L2, P2, iguais, isto se exprima. / Atrás do espelho plano então se forma / A imagem, que é simétrica por norma. / Simétrica, direita e virtual, / E da mesma grandeza por final. /  Melhor explicação ou mais segura / Encontra-se debaixo na figura.” Esta “poesia-prova” é apresentada ao longo do documentário exibido neste cinedebate.

Durante o debate foi lembrado que o ator Wagner Moura está dirigindo seu primeiro filme, tendo como tema a vida de Carlos Marighella, obra que está prevista para estrear nos cinemas no final do ano de 2017. Foi salientada também a postura sempre altiva, corajosa e engajada de Clara Charf, viúva de Marighella, que em 2005 recebeu o Prêmio Bertha Lutz que agracia mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher no Brasil. Vários dos presentes que participaram do debate após a exibição do documentário, ressaltaram a importância da democracia para o desenvolvimento social da nação, sobretudo tendo em vista propostas que defendem a volta da ditadura militar, um regime opressivo que provocou tantos estragos na ciência, nas artes, na cultura e na educação brasileira.

Após a exibição e o debate deste filme, os presentes puderam participar de uma sessão de observação do céu noturno com os dois telescópios do IFSP-Caraguatatuba (um telescópio refrator e um telescópio refletor), no espaço aberto existente atrás do auditório da instituição. Durante o início da noite, os dois telescópios conseguiram observar com nitidez o planeta Júpiter, juntamente com seus maiores satélites naturais, chamados de “luas galileanas” pelo fato de terem sido vistas pela primeira vez pelo físico italiano Galileu Galilei – um verdadeiro revolucionário da ciência –, o primeiro ser humano a observar os astros do céu noturno com um telescópio.

Observação do céu com telescópios após o cinedebateObservação do céu com telescópios após o cinedebate

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural por parte dos alunos em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

As opiniões e os pontos de vista manifestados nas atividades descrita neste texto não necessariamente refletem a posição institucional do IFSP e são de inteira responsabilidade das pessoas que manifestaram tais opiniões e pontos de vista.

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